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1 de dezembro de 2022

O cânone não canônico do design brasileiro

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 Tem um texto inteirinho sobre essa conversa entre Win Crouwel e Jan van Toorn na Recorte Ano 1 – 2021.  É intitulado “O objetivo e o social em debate” e foi escrito por Felipe Kaizer. 

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A palavra “ensaio” aqui deve ser encarada mais no sentido de “ensaio de banda de fundo de quintal” do que de “esboço literário ou científico”. 

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3 Hon Porfírio escreveu sobre esse processo de colonização que até hoje afeta nosso julgamento sobre o que é bom e o que é ruim, em “O design não tem um problema de diversidade”, que faz parte da Recorte Ano 1 – 2021.

Tema de debates acalorados tanto nos primeiros períodos da faculdade quanto no famoso debate entre expoentes do design holandês dos anos 19701, um dos princípios fundamentais do design é a relação entre “forma e função”.

No campo do design gráfico, vale frisar, o enunciado já aparecia como “forma e conteúdo” bem antes de a internet transformar todo tipo de profissional em “produtor de conteúdo”.

Em pleno 2022, e ainda por cima em uma revista independente de design, ninguém merece mais uma discussão sobre o ovo e a galinha, e menos ainda uma definição do que é o “bom design”.

Este ensaio2 visual busca, ainda que de forma bem mambembe, evidenciar designs que fazem parte da nossa cultura, história e memória gráfica. Designs que, às vezes por serem muito banais, outras por não serem chiques nem refinados o suficiente para os padrões da nossa tradição importada de design3, acabam sendo ignorados, mas que são tão dignos de premiações, publicações e admirações quanto certos logos do Wollner.

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O cartaz & a pomada

Uma consequência pouco discutida da relação intrincada entre forma e conteúdo é que, embora muita gente se disponha a discorrer sobre um cartaz razoável de um filme aclamado (ou vice-versa), poucas terão a mesma disposição para defender um layout, por mais emblemático que seja, se ele estiver envolvendo uma pomada para assaduras anais.

A garrafa & o líquido dentro dela

A garrafa de Coca-Cola é frequentemente descrita como “uma das silhuetas mais reconhecíveis” do mundo do design de embalagens. E é verdade, não tem muito como contestar.

Outra coisa que também é verdade, mas que é dita com muito menos frequência, é que o Corote conseguiu igualar o feito da Coca-Cola em um mercado muito mais saturado – e com uma verba muito menor.

O comprovante & o comprovado

Um recibo, impresso em papel termossensível. Um sonho. (<) Uma angústia. (>)

O astronauta & o picareta

Oportunismo? Com certeza. Fraude? Muito provável que sim. Ainda assim, um clássico? Sem sombra de dúvidas.

A civilização & a barbárie

Este singelo pedaço de papel é capaz de civilizar o funcionamento de qualquer atendimento lento e barra ou precarizado, impedindo que a raiva do usuário (frustrado com prazos, processos ou serviços) instaure um clima de completo caos e anarquia no ambiente. 

Um pequeno pedaço de papel para o usuário, um grande passo para o bom funcionamento de qualquer burocracia, seja ela privada ou estatal.

O trabalho & as condições trabalhistas

No geral, para esta série, foram escolhidos itens de design pouco valorizados, que fazem parte do nosso cotidiano. Ao lembrar da existência deste artigo de luxo, entretanto, fez-se necessário abrir uma exceção: uma simples caderneta capaz de deixar qualquer moleskine no chinelo.

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O “cânone não canônico do design brasileiro” surgiu, inicialmente, como forma de divulgar a Triz, fonte da fundição belorizontina Typeóca, que atua como protagonista e coadjuvante em todos os layouts. 

A ideia inicial era incorporar o “Andy Warhol da Carreta Furacão” para mostrar o potencial da fonte de fazer qualquer artigo parecer de luxo. 

No meio do caminho, entretanto, o que era pra ser só umas imagenzinhas pra chamar atenção nas redes sociais foi se transformando até virar este “ensaio visual”. 

Fica aí o lembrete de que muitas coisas podem ser mais de uma coisa; e de que, tanto na prática profissional quanto na vida pessoal, o processo muitas vezes é mais importante do que o objetivo.

é designer gráfico freelancer e, nas horas vagas, insiste em tentar ser type designer. Gabriel Figueiredo tem dificuldade de falar bem de si sem achar que está sendo pretensioso, o que o leva a adotar um tom autodepreciativo na maioria de seus textos. Gabriel Figueiredo está falando de si mesmo na terceira pessoa porque todas as outras minibios da Revista Recorte™ foram escritas dessa forma.
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