O livro Teoria do Design Gráfico possui todos os requisitos para se tornar uma obra de referência. A lista de autores é extensa: F. T. Marinetti, Aleksandr Ródtchenko, El Lissítzki, László Moholy-Nagy, Jan Tschichold, Herbert Bayer, Josef Müller-Brockmann, Paul Rand, Robert Venturi, Karl Gerstner, Kenya Hara, Jessica Helfand, Steven Heller, Kalle Lasn, Ellen Lupton, Julia Lupton, Katherine McCoy, Lev Manovich, Michael Rock, Paula Scher, Dmitri Siegel, Jan van Toorn, Wolfgang Weingart, Lorraine Wild.
Oferece uma história abrangente da disciplina mas também arrisca alguns tropeços ao apresentar uma narrativa simplista demais: design gráfico como uma história de ninar bonitinha e arrumadinha. Muitos de seus ensaios são assinados por figuras indiscutivelmente influentes, mas também deixou nomes importantes fora da lista: W. A. Dwiggins, o homem que cunhou o termo “graphic designer” para dar nome ao profissional, ou mesmo Rudy VanderLans, que, por suas opiniões e seu trabalho na revista Emigre, levou a discussão sobre tipografia digital nos anos 1990 para outro nível.
O livro é fruto de uma pesquisa acadêmica. Armstrong optou por uma estrutura temática e não cronológica. Os ensaios são cuidadosamente colocados para criar uma rede de conexões entre eles (algumas por vezes forçadas, mas isso discutiremos nos nossos encontros). Por isso é sempre bom lembrar: Teoria do Design Gráfico não está livre de expor a visão subjetiva da organizadora. Resta a nós, leitoras e leitores, entendermos que esse livro é apenas uma forma de pensar entre muitas outras, e não uma “teoria oficial”.
Barrados no baile: lista de alguns designers que não foram incluídos no livro
A. Dwiggins [1880-1956]
Designer do início do século XX, William Addison Dwiggins é provavelmente mais conhecido por cunhar o termo “graphic designer” em 1922, que usou em referência a si mesmo. Seu trabalho abrangeu design de livros, tipos e caligrafia. Criou várias fontes tipográficas, incluindo duas ainda bastante utilizadas: Electra e Caledônia. Em 1928, escreveu e publicou o livro Layout in Advertising, que, na época, era considerado o texto de referência para o campo.
György Kepes [1906-2001]
Pintor, fotógrafo, designer, educador e teórico da arte de origem húngara. Depois de imigrar para os Estados Unidos em 1937, ele ensinou design na New Bauhaus em Chicago. Em 1967, fundou o Centro de Estudos Visuais Avançados do Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde lecionou até sua aposentadoria em 1974. Seu livro Language of Vision é um dos trabalhos fundamentais da teoria do design moderno, proveniente da experiência da Bauhaus.
Muriel Cooper [1925-1994]
Primeira diretora de design da editora do Massachusetts Institute of Technology e a primeira mulher a comandar o Media Lab do MIT– onde desenvolveu interfaces de software e ensinou nova geração de designers. Uma humanista entre os cientistas, Cooper adotou dinamismo, simultaneidade, transparência e expressividade em todos os meios de comunicação em que trabalhou.
Rudy VanderLans [1955]
Designer gráfico holandês. De 1984 a 2005, a VanderLans publicou, editou e projetou a revista Emigre, uma publicação trimestral dedicada à comunicação visual. Logo após a primeira publicação da revista em 1984, o computador Macintosh foi lançado. VanderLans e Zuzana Licko se tornaram os primeiros a utilizar o computador para criar alguns dos primeiros layouts digitais e desenhos de tipos de letra, causando grande consternação no campo do design gráfico. A publicação dessas tipografias na Emigre resultou em demanda pelas fontes, o que ocasionou a criação da fundição tipográfica de mesmo nome, um marco na história da tipografia contemporânea.
Este texto foi publicado originalmente como leitura complementar do mês de agosto de 2020 do Clube do Livro do Design. O Clube, realizado por Tereza Bettinardi, promove debates mensais a partir da literatura do Design.